16.5.06

Vida Freedom - uma aventura abacaxi, parte 1.

Passeando na caçamba de nossa querida amiga Vera Verão, divagávamos acerca do meu 'OK computer', que estava enfiado no rádio dela. (ui)

Depois de muitos momentos nostálgicos de velhinha, rememorando as primeiras vezes em que ouvimos a referida obra, depois de muitos momentos licântropos, em que uivamos junto com o vocalista, depois disso tudo, estacionamos a caçamba. Em frente a uma garagem, com o pneu de trás em cima da calçada, como manda o código de trânsito feminino.

Porque só porque dirigimos um scania não significa que não passamos gloss.

Enfim, qual não foi a nossa surpresa quando chegamos ao cinema. Logo na entrada, vimos a foto de um casal de mulheres maduras, levemente overmaquiadas, com roupas que claramente não eram delas. Imediatamente reconhecemos os sintomas e corremos para pegar o mica.

Eu disse pegar o mica, não pagar o mico. Mas do jeito que corremos desembestadas, bem poderia caber a frase.

O anúncio era de um seguro de vida para homossexuais, o Vida Freedom. Vou te contar. Se eu não fosse uma mulher super mega ultra elegante e iluminada (flash!), eu ia ficar levemente irritada. Só levemente, que ficar puta da vida não é chique.

Primeiro de tudo, vamos lá. A foto era uma coisa errada, não é mesmo, queridoas? Se você quer dar um ar de normalidade, de 'the couple next door', tudo bem, eu entendo, você é um publicitário jovem, idealista e meio burrinho. Eu acho que as pessoas compram modelos, mas tudo bem. Então, se vai fazer uma coisa NoRmAl, não coloca as pessoas com um sorriso forçado, maquiagem de recepcionista de eventos e a roupa das filhas.

(Abençoadas sejam nossas futuras filhas: a bênção, Nossa Senhora da Inseminação Artificial!)

Outra coisa: Vida Freedom? Isso lá é nome de seguradora? Isso é nome de single lado b do George Michael. Acho um preconceito descarado isso de que as coisas relativas a gays, lésbicas, bissexuais, transgêneros, travestis e mais qualquer outra minoria sexual que eu ainda nem saiba o nome tenham necessariamente que ser coisas estranhas, com ombreira e topete. Vai escolher nome escroto assim na Farme de Amoedo, cruzes.

Outro ponto: ai, obrigada, viu. Então eu POSSO te pagar, eu POSSO ajudar você a ganhar dinheiro, querida seguradora avant garde? Nossa, obrigada por me reconhecer como alguém que pode te enriquecer, fofa pessoa jurídica.

Depois disso, tivemos que pegar um dos cartõezinhos para enviar. Até confeccionamos um lindo envelope com propagandas de filmes nacionais.

Ah, e vai sair um filme abacaxi em breve. Vejam o subtítulo: "o perigo do desejo é você querer mais". Ui. Ou seja, uma vez só tá liberado, galera, Uhul!

Ai, me polpa.

Em breve, o segundo capítulo.