Tem dias em que só Ctrl+B salva

Olá, queridas amigas telespecdedadoras.

Sabem aquele dia em que tu acordas triste, muito triste mesmo?

E com dor na lombar, unha encravada, brigou com a patroa no dia anterior, o pão está duro, tem migalha no requeijão, seu irmão não deu a descarga, o Globo continua tendo aquela incrível capacidade de omissão de assuntos importantes e uma democraticíssima abertura às mais idióticas e despreparadas opiniões, a tv mostra técnicas de cultivo de shiitake na patagônia, a água quente acaba, seu telefone não toca e só a sua operadora te manda mensagem de concurso da melhor frase para ganhar um ingresso para o filme do Chorão...

Tu estás tão mal que até lês os emails de viagra e cialis, seu corpo está todo moído de tentar impedir amiga butchona bizarra de sair dirigindo puta, babada e trêbada depois de fazer o maior barraco com a namorada (dela, não a sua) no meio da festinha de aniversário do sobrinho...

O cd do Radiohead brilha amarelo-fluorescente na estante mas tu não queres nem começar a ouvir senão tudo vai ficar pior e as facas vão começar a chamar seu nome...

Então? Sabem esses dias?

Quando eu estou assim, ou eu assisto sessão do descarrego até ficar tão irritada que descarrego mesmo - uma pistola na TV - ou então eu acesso a minha confort-list.

A Confort-list é uma lista de coisas assim ursinho de pelúcia escondido no fundo do seu armário para emergências. (E é claro que isso é só uma metáfora, eu não tenho nenhum ursinho de pelúcia escondido, que eu sou muito macho pra isso. Juro! Não tenho!)

A minha confort-list básica, em sua versão primária e basal, foi feita em parceria com a companheira Abakci, assistindo Cavaleiros do Zodíaco de madrugada para evitar que a companheira ficasse emo por conta da ex-quase-ex-ex-outra-vez.

A lista básica era composta da nossa tríade sagrada para dias tristes: sorvete, cavalo e mulher. Se pudesse rolar de chupar o sorvete na mulher em cima do cavalo, melhor ainda.

Então, hoje eu queria incentivar as companheiras a aumentar a nossa confort-list coletiva. Ajudem, companheiras!!!

Dêem sugestões de coisas que vocês fazem para esquecer que o mundo é uma grande bola de merda vagando pelo espaço vazio, que a justiça é uma mentira inventada pelo homem, que não tem vida depois da morte porra nenhuma, que aquela sua namorada casou com um cara bombado que usa cavanhaque, que a gente brincava de salvar os pobres na faculdade e depois vendeu todos os nossos ideais por um salário de merda, que tem aquela sua tia que mora com a "amiga" mas usa bota de bico quadrado e colete, que as criancinhas da indonésia estão sendo vendidas por seus próprios pais a pedófilos tarados sem-vergonha da Alemanha, que a cada 40 segundos uma mulher é estuprada na África - sendo que ela provavelmente já nem tem o clitóris...

Enfim, vocês entenderam, né?

Minha sugestão é um clipe que eu via sempre na eme-tê-vê.

É "I drove all night", do Roy Orbison, um clipe realmente muuuito sapa. Vejamos:



Percebam que, primeiro de tudo, o clipe conta com Jennifer Connelly, que também fez nossas ombreiras tremerem de emoção e nossas calças centro-peito ficarem molhadas em filmes como Réquiem para um Sonho, por exemplo.

Depois, temos o Brandon aí, que, convenhamos, é o cara mais sapatão desde James Dean. Olhem só para o tipão dele: bota, calça jeans, camisa apertadinha branca, paletó preto, topete e ray ban, cadilac com mulher atrás, moto com mulher na garupa... E aquela pegadinha na bunda em cima do capô???

Fale sério, meu bem! Parece até eu escolhendo a roupa para ir passear com as companheiras!

Isso sem contar que eu sempre quis ser o Brandon - mesmo antes de querer ser Brandon Teena só pra fazer um amorzinho gostoso com a Chloë Sevigny.

Também tenho que acrescentar que acabei de descobrir que o nome do tal do Brandon é Jason Priestley. Bem, bem. Whatever. Eu só sei que beijo muito melhor que esse mané. Percebam como ele quase engole a moça na cena com a enorme luz amarela atrás.

Tsc, tsc.

Por fim, prestem atenção na pseudo-aparição do Roy Orbison. Com a presença desses dois representantes lindíssimos do sexo feminino e do sexo butchino, o Roy, já um vovô, resolveu apelar para os efeitos de imagem dos anos oitenta e não aparecer diretamente, para não queimar seu filme com as coroas que ainda davam pra ele. Percebam como ele lembra o Reginaldo Rossi, minha genteee!

Então, era isso, essa é a minha sugestão para dias fake plastic trees: eu vejo "I drove all night" e canto junto, usando a escova de microfone.


E vocês? O que vocês fazem quando a vida é severina?