1.3.07

Pussy Rap: um manifesto à reinvenção saponácea do gansta rap

Sexo e sangue. É isso que todo mundo quer. Você pode ter tido a sorte de ter sido humilhado, pisoteado e reprimido por tempo o suficiente para aprender a ver o mundo com a cabeça de cima, mas não adianta: nem todo mundo tem essa cabeça de cima, mas todo mundo tem a cabeça de baixo.

Tudo bem. Eu sei que você não é como eu e está achando essa divagação um saco. (se você, por outro lado, pensa que sacos são coisas interessantíssimas e, assim, também achou essa divagação interessantíssima, convenhamos que, mesmo assim, você é menos ainda como eu).

Portanto, como eu sei que o que vocês querem é sexo e sangue, vou falar de gangsta rap. É, cumpadi, essa parada aí mermo. Aquele estilo de rap americano em que se fala muito palavrão, aparecem um monte de Pamelas Andersons de biquíni lavando o carrão conversível do cara macho-alfa, todo mundo vai dar tiro na cara de todo mundo, todo mundo é cafetão e acha isso bem legal, todos os homens usam pingente de diamante e a Marilyn Monroe fica confusa no além-mundo.

É aquela história. Se poderia escrever uma dissertação de mestrado sobre todos os comportamentos banais, primários/primitivos, bárbaros, machistas, irresponsáveis e blablablabla presentes em uns dois minutos de videoclipe.

Mas isso você já sabe.

Agora, eu quero trazer um insight inovador: como gostar de gangsta rap.

"Ahn?!?"

É fácil, não fique achando que não é. É só você substituir algumas pecinhas e plim, você já está pensando em rebaixar seu caminhão. E que pecinhas seriam essas?

Elementar, meu caro Butch. Sexo e sangue!

Como você, se for como eu, não tem o menor interesse sexual nas mulheres infláveis que os homens heterossexuais curtem e nem tem interesse sexual nos homens heterossexuais que, por sua vez, curtem as mulheres infláveis, então tem que limar as mulheres lava-a-peito do clipe. Tira tudo, tudinho.

(Tirou tudo, já? Ui. Então me liga, gata.)

Bom, voltando. Agora, tira os caras oleoginosos sem blusa, os carros conversíveis, a letra do rap, os pingentes gigantescos de diamante. (Sim, diamante é coisa de viadinho. Sapa que é sapa só bota diamante na aliança da esposa.)

E o que ficou? Um galpão escuro, esfumaçado e coberto de grafitti, uma batida até bacana se você estiver de bom humor e roupas largas no chão, certo?

Óquei, meu bem! Excelente. Agora comecemos a re-rechear o clipe. Siga meus passos:

1) Coloque um caminhãozão bem no meio do galpão. Um caminhão lindo, boléia verde-água, rodas cromadas brilhantes...

2) Preencha o caminhão. Coloque lá dentro o que você quiser. Todo mundo sabe que carro tem que ser grande, mas não porque a gente tem um dildo pequeno! É pra caber a mulherada toda! A nossa namorada, as nossas amigas (quem a gente ainda não pegou e ta guardando na geladeira ou quem a gente não quer pegar mesmo), as nossas ex-peguetes, as ex-namoradas, as ex-namoradas da nossa namorada, as ex-peguetes da nossa namorada, as ex-namoradas das ex-peguetes da nossa namorada...

3) Abaixe o volume daquela bosta de batida repetitiva, que já está enchendo o saco. Coloque alguma coisa pra salvar a música, tipo um grupo musical de meninas, executando leves variações e evoluções que durem a noite toda, pra não ficar mais aquela chatice bate-estaca de homem heterossexual (interprete como quiser). Anota a receita, amiga! Coloque aí umas duas percussionistas bem gatinhas, uma baterista cheia de estilo e que toque tão bem com baqueta quanto com escovinha (ui), uma contra-baixista de moicano, uma pianista-de-cauda vestida de terninho cinza (ui, molhei a cadeira)...

4) Introduza, bem devagarinho, o elemento sangue: coloque lá umas pessoas bem idiotas em que você gostaria de enfiar a porrada mas não pode porque (a) elas moram em Washington D.C., (b) elas têm guarda-costas, (c) elas pagam o seu salário, (d) matricídio tem uma pena muito longa ou (e) sua namorada ia dar um escândalo (ou pior ainda, se negar a fazer sexo).

5) Agora coloque no cenário coisas bem barulhentas e gostosas de quebrar: garrafas, mobília de compensado das casas Bahia, aqueles bancos altos de boteco que só prendem a sua saia e te deixam com dor no joelho e na lombar, tacos de sinuca, sigilo bancário de político, a cara de parentes fãs do antigo testamento...

6) Por fim, junte umas cinco daquelas suas amigas bem talentosas, que escrevem poesia sofredora, e as coloque para escrever com você uma letra muito debochada, cheia de tudo o que você sempre quis dizer, mas seu superego não deixava.

7) Pronto! Agora chame aquele alguém especial para cantar e se jogue! A minha versão pode ser vista no link aí embaixo, já que, por sorte, o pessoal do SNL tem gosto parecido com o meu.

http://www.pistolwimp.com/media/42822/

(Ei, Natalie, meu sabre de luz fala hebraico por você.)

Não gostou? Então que se foda, sua chupa-rola filha de uma piranha gorda que casou virgem.

M.C. Carmão

3 Comments:

Anonymous Anônimo se meteu e disse...

Prefiro Jazz. Só precisa da sua sala de casa, luz baixa, umas velas... e vinho.
Nao precisa de sangue, gente mala (ex), gente muito mala (ex da ex que quer te pegar), nao precisa bater em ninguém (não afetará sua feminilidade) e... ao invés de gastar tempo com toda essa punheta mental, você gastará trepando durante horas. Enfim. Jazz faz vocë gozar melhor do que rap. E tenho dito.

4:28 PM  
Blogger Carmen Sandiego se meteu e disse...

Ai, Bellotti. Que ortodoxa! Deixa de bobeira, minina. Tente um pussy rap de vez em quando, que combina com aquele seu chicotinho.

E se vc não percebeu, te dou uma ajudinha com a mão, gata: o grupo musical inserido (uuui) é tooootalmente sapa-jazz.

E tenho dildo.

12:41 PM  
Blogger Shane 'n' Box a.k.a. Bia Dedran se meteu e disse...

"BOLÉIA" verde-água... ay, Carmencita, qdo eu acho que já te ouvi dizer de tudo (ui!), vc vem e me surpreende mais uma vez! De novo! Juntinho!

;)

2:26 PM  

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