25.1.08

Em Defesa das Galinhas E das Piranhas

(mas não das vacas.)

Então, povo. Se alguém ainda lê isso aqui, olá, um beijo na sua b...(Esposa manda um olhar ak-47 com mira a laser, baioneta e lança-granada) ...ochecha.



Eu tava aqui, com a minha bunda já ficando côncava e meu crânio já ficando convexo, de tanta fumaça presa dentro da cabeça. Vocês já traduziram alguma coisa do alemão? Pois então. É absolutamente insano. Aliás, pensando nisso, acho que eu sou masoquista.

(Gritando para a sala, com um tom preocupado)
_Amooor! Você acha que eu sou masoquista?

(responde uma voz tranquila e blasé)
_Claro que não, amor, que besteira. Agora fica quieta que eu to vendo televisão, senão vou até aí te dar outro choque com o fio da torradeira.




Ufa. Estou mais tranqüila. Principalmente depois desse choque com o fio da torradeira, isso me fez ver que essa paranóia de ser masoquista é só uma onda errada da minha mente confusa.

Enfim. Eu ia falar do quê? Ah, sim. Vou defender as galinhas. E as piranhas. Mas não as vacas.

Ok.

O negócio é o seguinte: pela primeira vez na história, não são só as sapas veggie que estão defendendo o direito dos animais. Tá rolando um barraco-campanha no Reino Unido porque, do nada, neguinho se deu conta das condições nojentas e desumanas com que tratam as galinhas.

Sabem como é. Neguinho pega as galinhas todas, separa os pintinhos por sexo (para onde vão os pintinhos hermafroditas, aliás?), joga os pintinhos erradinhos num liquidificador gigante, pega o que sai do outro lado do liquidificador e dá pras galinhas comerem. E as galinhas sobreviventes, além de comer pintinho, ficam todas esmagadas e cagadas e estressadas e feridas e sangrentas por mais ou menos um mês. Aí, torcem as asas da galinha uma na outra, depenam a galinha e penduram num gancho pelo pescoço.

E eu suspeito que não se importam muito de checar se elas ainda estão vivas, sabe?

Então. Todo mundo já viu algum filminho de terror desses lugares que criam Battery hen, que é como é chamado esse processo "industrial" de criação de galinha. Sei, industrial. Industrial tipo Dachau, né?

Eu não sou lá muito fã de pinto, mas nem assim dá pra entender essa maldade toda com as penosas. Desnecessário, como diria um amigo meu.



A novidade é que agora não são só as lésbicas vegetarianas (é redundância?) que estão por aí gritando em defesa dos bichinhos, sabem como é, esse bando de mulher sem pau e sem nada pra fazer, sem um tanque de roupa pra lavar, descontando sua histeria freudianamente fêmea e seu instinto maternal reprimido pelas regras sociais em algum ramo produtivo da economia.




Não estamos mais solitas, senhoras. Agora, dois chefs ingleses entraram na briga: o Jamie Oliver e um tal de Hugh Fearnley-Whittingstall. Sim, sim. Isso mesmo. Chefs. Aquelas pessoas geralemente meio irritantes, que te sacaneiam se você não come carne e não querem saber se foie grais é produzido sob tortura - desde que seja gostoso, tá valendo.



(Hummm... Que diliça! Um figadinho amarelinho!)

Aí, quando você sugere que a mesma coisa valeria para a pedofilia, de acordo com esse raciocínio imbecil, eles te dão um sorrisinho debochado e dizem que o alface também sofre.

Haja paciência.

Mas enfim. O que importa é que tem uns chefs do lado de cá da força. Não, eles não são viados. Eles são lésbicas, sacou?

Tem aqui uma reportagem da BBC sobre a campanha que eles lançaram. E aqui, o site da campanha, com desenhinhos de galinhas felizes e instruções para as pessoas pressionarem eficazmente pontos (ui!) politicamente estratégicos. Tem até abaixo-assinado. Segundo a BBC, está funcionando: as pessoas estão comprando mais aves certificadamente criadas seguindo as regras do manifesto, de preferência de produtores ingleses, para dar aquela força aos caipiras da rainha.



Tuuudo bem. Ok. Agora vou falar das piranhas.

Eu acho uma sacanagem com as piranhas (ui) essa mania que as pessoas têm de acharem que são superiores só porque têm menos libido.

Tudo bem, já sei o que você vai dizer. Você vai dizer algo como "mas elas roubam os maridos e maridas das pessoas!".

Bem. Tudo o que eu tenho a dizer é que não se pode roubar o que não é propriedade. Já perceberam que tratamos as pessoas que namoramos-casamos como nossa propriedade? Inclusive com pronomes de tratamento.

Well, well, Tenispé Baruel, não se pode "roubar" uma pessoa desde 1888, nesse país.



(Isabel Allende, filha do Imperador Pedro Bial, que aproveitou que o pai foi viajar e deu uma festa de arromba, assinando a abolição da escravatura não-consensual no Brasil. Quando o Imperador voltou, Isabel teve que ficar muito tempo de castigo.)

Por falar nela, sabiam que ela foi a primeira mulher a receber votos para o cargo de presidente? Te juro, foi em 1902, quando Rodrigues Alves ganhou o pepino e a faixa presidenciais. Em 1906, Isabel - que era brasileira e não desistia nunca, que nem o Lula - e seu impávido colosso chegaram à 28ª posição. Fiquei beige-claro quando li isso, minina!

Aliás, um momento, lá vem a Esposa com os fios da torradeira, porque eu to falando de liberação sexual e "essas coisas de riponga".

Ui. Onde eu estava mesmo? Ah sim. Pois bem. A não ser que você chore e esperneie, exigindo ser apropriada bem gostoso, não se pode sair colocando coleira nos outros por aí, assim, não é mesmo, minha gente?

As pessoas têm que ter o direito de serem felizes - sim, antes que você pergunte, até mesmo a Esposa tem o direito de arrumar as malas, soltar a minha coleira e ir morar com uma carpinteira.

Aliás, alguém conhece alguma sapataria que conserte coleira? A minha preferida arrebentou ontem...

Então, voltando, traição é uma coisa horrível. Eu concordo com essa parte. Por isso que eu tento explicar que tem gente que simplesmente precisa - PRECISA! - trepar mais. As pessoas são diferentes, nem todo mundo só trepa quando quer casar. Sim, eu estou defendendo os homens, por tabela, aqui.

(feche a boca, seu queixo está batendo no meu pé. Obrigada.)

Vou dar um exemplo.

Imagine aquele dia em que você está subindo pelas paredes. Sua namorada está fazendo um curso de mecânica de submarinos em Moscou. Você liga a tv, tá passando filme com a Jennifer Beals. Você desliga, as mãos suadas. Você liga o computador e tem um monte de e-mails de enlarge-your-penis e de gurias querendo enlarge-your-penis. Você puxa a tomada do computador, grita e sai correndo para tomar um banho gelado. Nisso, acaba a luz do prédio. Você tateia, acha a toalha do seu time, se enrola - da cintura para baixo, claro, você é muito macha. Toca a campainha. Você olha pelo buraquinho do olho mágico, tudo escuro, o buraquinho tá escuro e só isso já é suficiente para terminar de encharcar a toalha. Você pergunta quem é, desconfiada. Uma vozinha de garotinha em perigo diz "sou eu, a Natalie". Você abre. Uma puta luz de lanterna na sua fuça, você não enxerga mais nada. Depois de um tempo piscando com a mão aberta na frente dos olhos, sua retina se regenera o suficiente para ver o contorno da sua vizinha, a Natalie Portman, linda, de cabelo despenteado e camisa larguinha com estampa engraçadinha, fazendo biquinho, balbuciando se pode ficar com você porque tem medo do escuro. Você diz que sim, ela entra, olhando para o seu peito...



Cabeludo, né? O problema, não o peito, quero dizer, fazendo o favor.

Entende o que eu digo? Haja grelina!

Bueno. Isso tudo porque eu acabei de ver a Shane comer a representante da imobiliária, no quarto que ia ser do filho até fofinho da Paige, a mulher loira-americana-que-mora-em-trailer com quem ela ia dividir a casa. Digamos que isso acabou queimando um pouco o... filme dela, no fim.




Então. A tal da Paige sabia muito bem, desde o começo, que estava comprando um galo ciscador, acostumado a comer todas as galinhas - battery hen ou galinha caipira, com foie gras ou não. Galo de briga, tão macho que tem trabalho de gay, deixador de uma das duas potranca-latina-vivida-por-filha-de-árabes do elenco no altar.

Não tem do que reclamar. Não tem. Ninguém foi enganado nessa história.

Ninguém foi vaca! Você pode dizer que a Shane é galinha, até que ela é piranha. Ok. Mas vaca, não! É ou não é?

Pois bem. Enquanto eu não consigo convencer a minha Mulher de que a monogamia é um sitema tão cruel, artificial e ultrapassado quando battery-hen, e que é para ela parar de assistir Dawson's Creek e acreditar nessa história da carochinha que sexo tem sempre a ver com amor, fica aí minha campanha, pelos direitos das galinhas e das piranhas, mas contra as vacas.

Vamos dividir, no fundo do prazer, o amor e o poder, como já dizia a Rosana-como-uma-deusa-por-dia, não é mesmo, minha gente?

Um beijão, queridas. Tenho que ir. A Esposa está se vestindo de Mike Huckabee, vai me amarrar com a bandeira dos confederados na cama e me explicar - com slides do powerpoint e tudo - porque a monogamia é o valor mais importante para a família saudável, que, por sua vez, é o bloco fundamental da sociedade.

(música incidental: Another Blonde On The Wall, ops, não, Another Brick In The Wall)

5 Comments:

Anonymous Anônimo se meteu e disse...

Queridérrima leitorésima favoritíssima Pucci,

(tô bicha hoje)

* Desculpe. Eu quis dizer "se alguém ainda lê isso aqui, além de mim, a Pucci e minha mãe". Foi mal mesmo, cara. Não quis diminuir a sua importância, de forma alguma. Afinal, vc é 50% do nosso público, tem que tratar com pão-de-ló. Quanto ao seu resultado com a mulherada, se vc quiser, podemos mandar uma carta de recomendação.

*Mande o endereço do sapateiro. Ele aceita cartão de débito?

*No quarto é meio chato, basicão, né? No porão e no metrô é mais legal.

*Quanto às fotos da Daniela Sea, estou preparando um especial, já que vc pediu.

Beijo, babe.

2:55 PM  
Anonymous Anônimo se meteu e disse...

Ó amantíssima leitora Pucci-cat,

O dia em que alguém levar alguma coisa que se diz nesse blog a sério, vai ser uma desgraça nacional.

Sabes? I predict a riot.

Relaxe, sim? Aproveita e esquenta os tamborins, vai dar um polimento na botina e se prepara para colocar a mangueira na avenida. Ô isquindô-isquindô!

2:41 PM  
Anonymous Anônimo se meteu e disse...

Just wanted to say that "Roquete Pinto Faz Quem Quer"!

6:12 AM  
Anonymous Anônimo se meteu e disse...

Potiguara! Quanto tempo, minina...

Nativa amada, idolatrada, salve, salve!

Vc sabe que só vc e a Juliette 'Lick me' Lewis podem usar cocar no meu reino, né?

Realmente, babe, esse é um comentário de uma sensatez que não deve ser subestimada: Roquete Pinto, Faz-quem-quer.

Não é mesmo, minha gente? Democrático, poético, diria até pedagógico.

A tempo: Pucci, querida, eu sempre vejo a mangueira entrar. Agora, de trás ou de frente, depende do ponto de referência. Tudo é relativo no mundo, menos uma coisa: o pronome possessivo-absoluto 'minha', como gosta de lembrar a Esposa.

Beijo no coração de vocês.

9:01 PM  
Anonymous Anônimo se meteu e disse...

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9:35 AM  

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