29.9.07

De Volta Para o Futuro

Entao, minha gente. Como aqui as coisas estao muito paradas, vamos voltar para Berlim e contar coisas realmente interessantes.

(que bom que eu volto para la daqui a pouco)

Bem. Primeiramente, quero dizer que ainda nao consegui entender como eh que pode ter tanta mulher linda e com cara de sapa em Berlim. Simplesmente esta alem da minha compreensao.

Depois, quero informar que logo no primeiro dia cruzei um belissimo especime nativo de guria-guri em uma festa de arromba. Logico, como nao sou a Dedran, nao peguei, porque: (i) eu sou pessima para me aproximar de estranhas; (ii) as alemas fazem um dooooce antes de dizer um oi que eh quase trabalho de quebrar pedra da Siberia, vou te contar; (iii) meu alemao ainda nao tinha chegado, tinha sido extraviado para a Bielorrussia temporariamente, o que impediu a comunicacao; (iv) a guria-guri era linda, mas era timido, entao nem olhava para os lados e quando eu tentava encarar e sorrir, ela fazia carinha de timidinho e olhava para baixo; (v) eu nao sou a Dedran, ne, entao a mulher nem veio falar comigo, embora eu tenha usado toda a minha quota de ousadia para dancar do ladinho daquele ser maravilhosamente androgino, de maos grandes, cabelo joaozinho e pele macia... Ai ai.

Era tal lindinho, com uma camiseta de Cuba verde-milico por cima de uma de manga comprida e jeans largos, bem gurizinho, bebendo cerveja no gargalo daquele jeito que so uma butch sabe fazer para emocionar a buc..., quero dizer, emocionar o coracao de uma guria como yo.

Depois, no dia seguinte, durante um passeio no parque, vinhamos uns 10 em um bando falante e barulhento de estudantes pela ruela quando meu radar apita: "UOOOON! Alerta de gatenha! Alerta de gatenha! Alvo se aproximando a estibordo!".

Pois tinha duas gurias sentadas com aquele estilo dyke-na-grama: pernas cruzadas, costas curvadas para a frente, o cinto de arrebite por pouco salvando o cofrinho de uma baixa na taxa de juros, as roupas pretas balancando na brisa, as unhas sendo roidas ao sol, as nucas aparecendo sob o corte quase milico... Logico que parei totalmente de prestar atencao ao que diziam todos e meus olhos foram percorrendo a silhueta, do tenis colorido ate chegarem a um par de olhos dolorosamente azuis. Ao contrario da outra, essa me olhava intensamente, dentro dos olhos, um meio-sorriso e aquelas bochechas adoravelmente rosadas que tem as europeias.

Ai ai ai... Fui andando sem tirar os olhos dela, entao era bem de se esperar que eu tropecasse numa pedra ou caisse logo inteira em um bueiro. Mas Nossa Senhora da Inseminacao Artificial estava do meu lado e nada disso aconteceu, muito pelo contrario. Sentamos a uns dois metros de distancia delas. Eu ainda estava enganchada naquele olhar, sentando e baixando o ray-ban (yeeeeaaaah! Pochete-power!) para olhar melhor...

Nisso, a do lado percebe que ela nem estava mais prestando atencao na conversa, segue o olhar e me acha do outro lado da linha. Por um instante, achei que era a namorada e que ia rolar um barraco alemao. Imaginem so.

A namorada levanta, tira um bigodinho do bolso e cola com cuspe na cara, ajeita a cinta na frente e anda pisando duro na minha direcao. Para na minha frente e comeca a berrar loucamente em alemao, balancando os bracos para dar enfase no esporro, que nem o Bruno Ganz no "A Queda". Depois, tira um Wurst de dentro da calca e bate com ele na minha cara.

Mas nao. Ela seguiu o olhar da outra, me viu, deu um sorrisinho e olhou para a frente.

Alguns minutos depois, mais uma sessao de raio X. E so. Depois de uns 15 minutos, elas levantam e vao embora.

Ai ai. Essas gurias alemas me deixam louca, viu... Vai entender.

Beijos, queridas.

Frau Sandiego


P.s.: Dedran, a diretora do "But I´m a Cheerleader" lancou outro filme, o "Itty Bitty Titty Committee". Tenta baixar ai pra gente ver quando eu voltar, babe!

28.9.07

Aftasardendoen, Hemorroidasiden.

Oi meu povo!

Como vao as coisas ai no Brasil? A Vange ja lancou candidatura a Presidencia da Republica?

Aqui em Munique esta um frio do caralho. Eh, do caralho mesmo, porque eh um frio muito ruim, chato, que te persegue mesmo que voce deixe bem claro que nao gosta dele.

E tenho que fazer uma errata: nao eh em toda a Alemanha que as gurias sao lindas, nao. As mulheres de Munique nem sao tao gatas, para minha mais profunda tristeza... O negocio eh Berlim mesmo, minha gente.

Podem comprar as passagens.

Enfim. Voces viram que aprovaram a lei anti-homofobia nos EUA? Quero dizer, passou na camara e no senado, falta o Bush sancionar. Facam figa ai, para ver se homem nao faz mais uma merda com listras e estrelas e sanciona logo essa lei.

Sabem como eh. Se fizerem nos EUA, pode ser que no Brasil resolvam copiar. Eh, eh tosco, mas vai que cola. Afinal, se ate bigode se cola bonitinho hoje em dia, porque nao?

Um beijo bem grande, grande que nem uma Maß, que eh a caneca de um litro de cerveja (muuuuito sapa!) que as pessoas bebem aqui na Oktoberfest. Prost!

Carmen "Nem-Me-Vem-Com-Salsichao" Sandiego

23.9.07

Chegay!

Entoen, meu povo. O teclado nao tem acento, mas voces sabem como eh: para boa dedilhadora, meias palavras bastam, nao eh mesmo, minha gente?

Isso aqui eh uma coisa de louco. A alemanha eh um pais abarrotado de mulher linda. ABARROTADO.

Assim que cheguei, fiquei tao feliz, mas tao feliz, putz, de um jeito que, se eu disser, a minha esposa me larga. Ate ela, que alem de linda, gostosa e paciente o suficiente para me aturar por anos, ainda por cima compartilha da minha teoria relacionamental do "sinto ciume, posto que sou sapa, mas sei que eh feio enquanto dure" - me larga, tamanho o montante de felicidade que se abateu sobre meu pobre coracao abacaxi.

Nesse lugar que parece ter uma especial tendencia para arrumar briga com o resto do mundo todo ao mesmo tempo, aproximadamente 95,7% das mulheres variam de "com-cerveja-eu-pego" ate "aaaaai, meu paaai, que mulher eh essa!!!!". Ou seja, o coeficiente de tensao no seu miocardio em um simples passeio pode ser fatal para as mais sedentarias. Tem muita, muuuuuuuita mulher linda.

Dessas, segundo meus calculos e medicoes cientificas, ao redor de 69,69% tem MUITA cara de sapa. E nao sapa daquelas lipstick-viadinhas, nao! To falando daquelas que, no Brasil, vc teria certeza absoluta e se sentiria absolutamente segura para segurar absolutamente.

Entao, eh tudo meio confuso. Ja tinham me avisado isso varias vezes, mas so vendo para entender.

Num primeiro momento, fiquei exultante, quase batendo palmas (as de cima e as de baixo)de tanta felicidade. A fartura me deixou um pouco tonta e tive ate que tomar um calmante e passar vagisil chill (Vagisil Chill, um produto Sandiego-Dedran Corporation: http://abacaxicomtofu.blogspot.com/2006_08_01_archive.html).

Depois, me dei conta que aquilo tudo de mulher nao podia ser abacaxi, senao a populacao da alemanha iria toda ser adotada-por-importacao, seguindo a trend dos nossos polos nortes pop, a Madonna e a Angelina "o que que ela ta fazendo com aquele mane do Brad Pitt?" Jolie.

E como os homens aqui sao estilosos, mas nem me pareceram todos gays, acho que eles ficariam um pouco chateados de morar num pais sem mulher que quisesse dar para eles.

(se bem que isso explicaria o mau humor e a belicosidade nacional...)

Enfim. Tenho que recalibrar meu gaydar. Depois falo mais sobre as minhas descobertas.

De qualquer forma, nas minhas andancas pelas ruas e parques, vi alguns casais de gurias e de guris, caminhando de maos dadas, passeando lindos, felizes, fofos e em paz pela cidade.

Entao, gente, isso aqui eh muito bacana: ninguem te assalta, o transporte eh MEGA otimo, os casais andam tranquilos pela rua e ainda por cima tem MILHOES de mulheres lindas com cara de sapa para a gente admirar.

E sabem como eh. Onde tem wurst pra caramba, sempre tem tambem generosos kebabs. Eh so uma questao de calibrar a pi...stola, nao eh mesmo, minha gente?

Beijos da sua correspondente abacaxi internacional, diretamente da Ananasstrasse,

Frau Sandiego

11.9.07

The Good Wife's Guide







10.9.07

A Good Wife Always Knows Her Place

Leiam esse artigo de 1955. É bizonho.

Minha parte favorita é o "be a little gay for him", pelo humor involuntário.
Não sei bem qual é a parte que menos gosto: "remember, his topics of conversation are more important than yours", "Remember, he is the master of the house and as such will always exercise his will with fairness and truthfulness. You have no right to question him" ou "show sincerity in your desire to please him".

Há (somente) 52 anos atrás, esse tipo de coisa não só era thuper comum como também meeega incentivado na imprensa, minha gente! Mal dá pra crer, né?

Espero que nossos filhos olhem para as notícias de hoje, vejam Dedran tendo que ir parar na delegacia para fazer denúncia de discriminação e tudo mais, e pensem a mesma coisa que pensamos hoje sobre esse artigo: "nossa, que ridículo!"

E a próxima vez que alguma mulher (ou homem) fizer piada sacaneando as feministas, envie para ela (ou ele), junto com uma daquelas luvas que socam quando vc abre a caixa.

Sabem como é, às vezes mais vale um sutiã queimado na mão que dois voando.



(gentilmente enviado por Dona Vaz)

3.9.07

DA FEM - Diário Aberto de uma Fancha Esquizofrênica Militante

Você está exausta: ficaste trabalhando de madrugada no seu grupo voluntário (vulvuntário, para dar o nome técnico) online de dublagem do ‘the l word’ – afinal, como é que as companheiras abacaxis cegas e que não falam inglês vão poder ter acesso à informação? Coitadas, minha gente!

Ah, a generosidade e a filantropia lésbicas... Bem, isso e porque essa é a única oportunidade que você tem de ficar falando sacanagem, gemendo e fazendo drama com outra mulher que não a sua namorada sem que ela te sacaneie, te faça gemer ou faça aquele drama.


Pois bem. Depois de desidratar vendo a Shane foder um avião ainda melhor que a Infraero, por várias horas, no estacionamento (sem saber direito se ela estava usando a marcha ou a mão para isso), dublar a maratônica cena de sexo gemendo com a voz mais grossa e sexy que você consegue fazer sem ser processada por plágio pela Zélia Duncan, repetindo a cena várias vezes com a sua companheira de dublagem vulvuntária online - "porque deu interferência no som", não há quem consiga dormir, não é mesmo, minha gente?


Como rolar na cama, sem ser por cima de outra mulher, não gasta muitas calorias, não há nenhuma razão para ficar deitada sem fazer nada. Aliás, desde que você fez a Grande Escolha e resolveu ser feliz-e-infeliz-e-feliz-de-novo-com-mulheres, em vez se ser só entediada-com-homens, ficar deitada na cama sem fazer nada passou rapidamente do estágio de exercício semanal em prol de uma relação ao nível de uma atividade sem o menor sentido prático – a não ser que você esteja deitada sem fazer nada olhando fixamente para a atual mulher da sua vida enquanto toca "I don't wanna close my eyes" em versão acústica dentro da sua cabeça.


Você levanta, faz café, toma banho, corta as unhas do pé com o trim do canivete, pensa que tem que parar de adiar a compra de um esmalte para pintar as unhas da mão (as do pé nem fodendo! – bem, pensando melhor, depende da foda), troca a areia do gato, come uma salada de frutas, faz flexões, dá milho orgânico - sem agrotóxicos e com anticoncepcional 100% natural - para os passarinhos no terraço, lê o jornal intercaladamente com séries de 50 abdominais ("mente com cara de sã em corpo com cara de são", já dizia a dona do primeiro SPA lésbico da história, a Dona Sapho), come açaí com granola, encomenda CDs de folk feminista pela internet, treina a escala do lá no violão e a escala do lá-em-baixo no corpão violão da sua namorada, faz mais flexão... e ainda são sete da manhã.


"Puta que pariu, mermão", você fala para o gato, enquanto ele roda em torno de si e se prepara todo para sentar com a bunda bem certinho na cara do novo ministro católico do Supremo Tribunal Federal.


Então, não tem jeito. É ir pro trabalho cedo mesmo. A única vingança pessoal possível é fazer isso cantarolando alegremente "O plano mudou", do Wonkavision, no metrô. Especialmente alto, se tiver uma criancinha ou uma velhinha com cara de carola ao lado – prevenir ou remediar, sabe como é:


"Não agüento mais trabalhar aqui
Passo o dia contando as horas para sair
Às vezes penso que meu cérebro parou
Vou pular janela afora
Vou cortar meu pulso agora
Seja o que deus pla-ne-jou
O plano mudou."


Well, well. Chegando no trabalho, só a mulherada e os estagiários. Você comenta com a Judith Butler, num chat na sua cabeça, que a Diretoria toda, a essa hora, está fazendo a barba, esperando a empregada trazer o café e mandando a mulher vestir logo o uniforme das crianças, que a motorista sarada vem buscá-las para levar à escola assim que ela terminar de trocar a rebimboca da carrapeta do curupira do carburador.


(Ui... Que emoção! Tsss!)


Daí, você está sentada na sua mesa, ouvindo a Secretária e a Assistente de sei-lá-o-quê cacarejarem alegremente na baia ao lado. Você bufa e tem vontade de relinchar, mas se controla e volta a tentar achar uma posição pro computador na sua mesa em que as pessoas não possam ver que você não está olhando compenetrada para um memorando interno da divisão de RH, mas lendo a coluna de hoje do AfterEllen ou procurando um filme de mecânicas da Romênia no IMDB.


A Secretária não consegue abrir o potinho da tinta de carimbo de-jeito-manera. Comenta com a Assistente de sei-lá-o-quê, que também tenta abrir, sem sucesso. Você abre outra janela mental e posta no blog que você teria se fosse sádica, sem pudores e desbocada (ainda bem que você não é assim, não é?): "o que já era de se esperar, visto que além de anorética ela ainda tem unhas do tamanho da Alcione. Não, não do tamanho das unhas da Alcione, do tamanho da Alcione inteira mesmo".


Você pondera se levanta e vai até lá abrir o pote para elas, ou não.

"Você bem que podia", diz uma franciscana careca e muito gata, chamada Chicão, no seu ombro. "É a coisa certa a se fazer", ela diz. Nisso, por cima do seu outro ombro, aparece uma mulher neurótica, bem parecida com a sua mãe, inclusive, dizendo que você está no trabalho e não pode ficar dando pinto, digo, ficar dando pinta. Nem a franciscana tem paciência para a sua mãe, faz um sinal da cruz por cima da estrela solitária na camisa (ela é franciscana, mas a camisa do Fogão é sagrada, pô!) e bate na mão da Edinanci, que pula para dentro do ringue, digo, pro seu ombro e pede licença para partir para a grosseria para cima da sua velha.

Sua mãe, completamente chocada, começa a tentar convencer a Edinanci a deixar o cabelo crescer. Edinanci começa a chorar que nem uma guriazinha e sai correndo, passando o bastão (ui!) para uma professora de Filosofia Pós-feminista da Economia Política Anglo-saxã Pura e Aplicada, com PhD em 'questões de gênero, mídia e comidas a base de milho', de cabelo joãozinho, vestida de terno preto Armani, blusa social bege e camisa hering branca por baixo. E cinto de fivelão. E cueca Calvin Klein. (ui, uuuui, to hiperventilando!!!) A professora-doutora então começa um enfático discurso sobre o papel da mulher no processo de abertura de potes de tinta de carimbo na sociedade judaico-cristã-ocidental contemporânea.


Enquanto ouve atentamente, você olha ao redor e nota que o único homem no recinto é o estagiário bichinha, ops, digo, alternativo, ouvindo Scissor Sisters tão alto no seu Ipod que dá para ouvir os movimentos gástricos do vocalista, ao fundo.


Daí, perdes a porra da paciência toda quando as mulheres resolvem que o melhor a fazer é esperar o boy chegar. Ah não!

Aquele ogro peludo, misógino, fedido de um blend exótico de suor e axe, homofóbico, sem dente, que tem screen saver de mulher pelada no seu 386, lá no canto do escritório, do lado da sua caixinha de areia com adesivos do flamengo e de "Jesus te ama"??? Ah não! Já chega.


CHEGA!


Você levanta, vai até lá, toma o pote da mão da secretária, faz força, abre o pote, fica com a mão toda suja de tinta preta, sorri e fala para ela: "depois de pingar a tinta, limpe com um papelzinho, porque essa tinta é feita a base de óleo de jenipapuçú com deltomaxina de riboflavona aditivada, que, aliás, são os mesmos ingredientes de superbonder e iogurte activia. Se secar em baixo da tampa, fica difícil de abrir mesmo."


Você está voltando saltitante para a sua mesa quando o seu chefe (imbecil, porém filho do diretor um-pouco-menos-imbecil) larga a maleta dele em cima da sua mesa, derrubando os seus emails da Convenção Anual de Lingüística Tolkeniana e Sindarin Clássico e fazendo seu bonequinho do Wolverine, que veio na batata frita, voar da mesa. Ele olha para você e pergunta "chegando agora, dona Carmen?", ignorando com-ple-ta-men-te evidências muitíssimo sutis, como por exemplo: (i) a sua bolsa grande e vermelha em cima da na mesa; (ii) a luz, o ar-condicionado e o seu computador ligados; e (iii) a pilha de coisas prontas na mesa dele.


Você respira fundo e responde, entre os dentes, porém amavelmente, que não, indicando com a mão a enorme empilhadeira que está levando as duas toneladas e meia de trabalho que você já fez. Ele dá um tapinha no seu ombro e diz "ah, muito bom, chegar cedo é uma demonstração de empenho! Continue assim e um dia vou ter que tomar cuidado para não perder meu emprego, hehehe!".


Judith Butler abre uma janela no seu skype mental e está xingando mais do que um alcoólatra ex-presidiário adúltero pedófilo em sessão de descarrego. Você respira fundo e tenta imaginar uma flor de lótus no meio de um lago lilás, claro e sereno.


Mentalizando uma trilha sonora Enya, você senta na sua cadeira e fecha os olhos. Quando abre, seu chefe pergunta, olhando para as suas mãos: "sujou as mãos? Com o quê? Tinta, foi?"


Momento de tensão. MUITA tensão.

Você dá um soco na mesa, levanta e berra, cuspindo perdigotos bem na cara dele: "Não, não é tinta não, seu ANIMAL, seu imbecil, seu oligoqueta bípede por acidente! Não ta vendo que isso aqui é fuligem??? Com esse salário de MERDA que você me paga para eu fazer o teu trabalho e ainda por cima impedir que o que você chega a fazer foda a empresa toda, eu tenho que trabalhar de menina-carvoeira no fim de semana! Já até mandei meu portfólio pro Sebastião Salgado e vou dar entrevista para a Regina Casé na hora do almoço!"


Você acorda do devaneio e olha para a cara sorridente do babaca do seu chefe, estampada de plácido contentamento bovino, esperando a resposta. Percebe, enfim, que os últimos 15 segundos aconteceram só na sua cabeça, sorri e abana a cabeça, dizendo que sim, que era tinta sim. Quando ele finalmente vai embora, você checa o calendário e decide que definitivamente não pode comer açaí com granola quando estiver na segunda semana do ciclo menstrual.

London Bridge Wanna Go Down


Zentsi! Notícia abacaxística trabalhista-feminista-monárquico-institucional.


A Torre de Londres vai ter uma mulher na equipe, pela primeira vez em 500 anos de história.
(é, pois é, a Torre deles tem praticamente a mesma idade que nosso país. Tchuruuu.)
Sim, sim! Pois então. A enooorme torre fálica que guarda a jóia da Rainha (Uuui!) vai contar com uma soldada de 42 anos. Mais uma mulher mostrando que é espada!
É deveras relevante, não é mesmo, minha gente? Agora, os tradicionais beefeaters podem ter lá uma sashimieater! Quem sabe? Eu indico Melissa Etheridge.

(saca a cara da figura)



Fonte: Folha - http://www1.folha.uol.com.br/folha/mundo/ult94u325301.shtml